“PR Vs. Marketing: Things might be changing in Portugal ” e “Lobby in Portugal: When the PR industry doesn’t succeed in producing social change”

O post intitulado “PR Vs. Marketing: Things might be changing in Portugal ” mostra-nos como Portugal tem um dos mais assimétricos níveis salariais quando comparamos as “top management compensations” e os salários dos empregados de nível médio. Da mesma forma e fundamentando-se num estudo da Mercer, o autor deste post elucida-nos sobre uma realidade muito interessante: no nosso país um Director de Relações Públicas (R.P.) pode ganhar ligeiramente mais que um “Marketing & Commercial Director” e significativamente mais do que um genuíno “Marketing Director”.
Posto isto e embora João Duarte não tenha a certeza se estes dados representam a maioria das situações dos gestores de R.P. em Portugal, ele lança uma questão: “O que é que isto significa?” . Em resposta a esta pergunta o autor deste curioso post diz-nos esperançadamente o seguinte: “Eu gostaria de pensar que isto significa um reconhecimento da importância da função estratégica de gestão de relacionamentos e expectativas de um diverso leque de stakeholders e públicos” . Mas João Duarte levanta, também, a questão: “O que é que você pensa (deste assunto)?”
Tendo em conta o cenário apresentado, não posso deixar de subscrever as palavras de expectativa do autor mencionado. De facto, parece-me que esta valorização dos bons profissionais de R.P. é consequência da sua crescente importância na actividade empresarial.
No actual momento de crise, a comunicação torna-se um factor essencial na relação da empresa com os seus stakeholders. Como sabemos, a crise afecta normalmente a procura e, por isso, o volume de negócios das empresas. Logo pode exigir alterações estratégicas como a redução de horas de trabalho, cortes salariais, acumulação de tarefas ou, até mesmo, despedimentos. Visto que estas medidas podem gerar conflitos internos e desconfianças externas, é aqui que o papel do R.P. se torna primordial no estabelecimento de canais de comunicação estratégica com todos os stakeholders, evitando más interpretações relativamente às mais diversas mudanças e contribuindo, assim, para a estabilidade.
No panorama político, o abrandamento económico também traz consigo a exigência de diferentes abordagens políticas e, certamente, o “traquejo” dos R.P. será muito valorizado, pois poderá ajudar a lidar com estas situações. Em tempos de crise só os projectos de excelência é que poderão triunfar e, certamente, em muitos destes projectos a experiência acumulada dos R.P. poderá ser muito valorizada.
Aproveitando os conhecimentos interiorizados na cadeira de Relações Públicas e com base numa das definições apresentadas na aula [As “R.P. são uma arte de reduzir a conflitualidade das organizações (…) e assim reduzir ou evitar custos (os custos que decorrem precisamente do conflito)” ], considero que o facto dos R.P. serem melhor remunerados do que os Directores de Marketing e os Directores Financeiros (segundo o estudo da Mercer), poderá ser um resultado directo da significativa redução de custos por estes proporcionada na resolução de problemas como processos judiciais, despedimentos, entre outros.
Concluindo, este post fez-me reflectir sobre a crescente importância das Relações Públicas no âmbito empresarial e alargar os meus conhecimentos sobre algumas das funções desenvolvidas pelos profissionais desta área, assim como, interiorizar algumas das vantagens subjacentes a esta actividade. Agradeço a oportunidade.
Para João Duarte, autor do post “Lobby in Portugal: When the PR industry doesn’t succeed in producing social change”, as “R.P. em Portugal ainda estão a alcançar algumas revoluções importantes.”
Embora Portugal tenha encontrado condições essenciais para a prática de R.P., devido à instituição de um Estado democrático e à entrada para a Comunidade Europeia (1986), nalguns aspectos essenciais permaneceu “amarrado ao passado”. Presumivelmente, o melhor exemplo do fracasso das R.P. planeando alcançar a mudança social é o caso do lobby, que já se encontra regulamentado na maior parte dos países europeus. Assim, a não regulamentação do lobby “trata-se apenas de mais uma forma de resistência à modernidade e à europeização dos nossos hábitos nacionais”.
Então, comecemos por compreender o que é o lobby. Segundo Fernando Gaspar, “Um lobby por definição é um grupo de pressão (…) que se organiza para procurar influenciar o poder político para que tome decisões de acordo com os interesses que esse grupo de pessoas defende.”
No post supramencionado são referidos por Martins Lampreia, um acreditado lobbyist do Parlamento Europeu, os três aspectos principais pelos quais o lobby não funciona em Portugal.
Com efeito, primeiro há uma ideia generalizada de que o lobby é uma actividade anglo-saxónica que não nos interessa muito. Em segundo, sempre que os media falam nesta actividade mostram o seu lado negativo. E por último, a facilidade das grandes empresas em chegarem aos “top decisions” contribui para que as mesmas não tenham interesse em dar esse tipo de poder às PME’S.
De acordo com este lobbyist (citado por João Duarte), defensor da regulamentação do lobby em Portugal, “antes da questão da transparência no hall de entrada, há a questão da transparência na política” (Duarte, 2007).
Posto isto, e tal como é referido no post, talvez não seja de estranhar que o Presidente da Assembleia da República tenha negado o pedido formal de acesso ao Parlamento por parte dos profissionais de R.P. (direito que é concedido aos jornalistas que têm um Código Deontológico e a sua profissão é reconhecida pela Constituição da República Portuguesa).
Aprofundando esta questão, pergunto-me se este “virar de costas” aos R.P. não se tratará de um equívoco por parte dos políticos que vêem estes profissionais como “ameaças” ao seu espaço de debate e decisão considerando, por isto, que estes apenas visam “o acesso ao Parlamento para influenciarem o processo legislativo” .

Concluindo, este post vem mostrar-nos que em Portugal começa-se a aprofundar a discussão acerca de uma das áreas relevantes de R.P.: o lobby. Este facto é muito satisfatório pois também ajuda a clarificar esta actividade que, muitas vezes, é vista como depreciativa e perniciosa, associada ao tráfico de influências. Da mesma forma, espero, com sinceridade, que os esforços feitos por Martins Lampreia, levem a que se chegue a um consenso sobre as funções e as regras que os profissionais da área em questão devem seguir e, posteriormente, que se crie um organismo que represente estes profissionais, de forma, a defendê-los e a dignificá-los.
Natacha Marques
Outubro 2009

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